Passagem

Passagem de ônibus de trem, de navio… Passagem dessa para outra vida, para outra cidade, outro planeta… Passagem porque tudo passa. Essa semana, ouvi Matias de Stefano dizendo que quando as mães atlantis recebiam um novo rebento comemoravam a nova vida na matéria dizendo “cada dia é um dia a menos até sua morte”… Ponto de vista interessante.

A gente morre todo dia um pouco… Todo dia, a gente deixa para trás quem foi ontem e dá as boas vindas a um novo eu… ou não. Alguns procuram manter o mesmo estilo de vestir por anos a fio, a mesma personalidade, forma de pensar, de agir, de falar, as escolhas alimentares para que seja a mesma pessoa fixa num ponto no espaço-tempo, como uma fotografia que nunca irá se atualizar. Escolher estabilidade traz junto a rigidez, inflexibilidade, medo, controle, cobranças, sensação de segurança – falsa porém…

Impossível manter qualquer coisa parada nesse universo em constante expansão.

Nessa sexta-feira de céu coberto de nuvens, fechando uma semana de lavação à base de chuva fina e constante, uma reflexão: o que escolho deixar morrer na minha vida? Tudo o que eu não alimento, eu deixo morrer. Ser mãe é ser alimento, é prover sustento assim como a Terra nos alimenta e nos mantém com abundância. Mamíferos não põem ovos – nem de chocolate – mas adotam muitas crias além dos seus rebentos particulares: animais, trabalhos, plantas, projetos, amizades, relacionamentos…

Se não sou agora como desejo ser, tenho um trabalho interno a fazer. Me recolho nas minhas entranhas, com ajuda, sem ajuda… Medito, me conecto com meu saber, silencio.

Dia bom de silêncio hoje. Muitos eventos colocaram em marcha essa via sacra, esse caminho sagrado que percorro agora. Tem sofrimento sim, tem dor, tem preocupação, tem lágrimas, tem perdas. Tem de deixar para trás várias estruturas. A escolha foi feita por um caminho no qual não cabe mais o peso da cobrança, dos olhares furtivos, da imposição de ideias, da invalidação do meu saber, do julgamento.

Na dança dos opostos dessa realidade, buscar o caminho do meio é como se manter sobre uma bola: se parar, cai. Um pouco para direita, depois para trás ou para frente, solta os quadris, libera os joelhos e tornozelos, respira, abre os braços, aceita, olha para frente, confia. Confia que o movimento é a única constante. Confia pois, pode parecer tudo solto demais, mas tem um eixo de conexão que te sustenta entre o centro da Terra e o centro do Sol. Confia que o equilíbrio não é estático e, quanto mais força faz, mais se perde de si. Estende os braços e segura na mão daquele que te criou ainda no plano da mente divina, relaxa, você não está sozinho.

Publicado por Denise Fracaro

Sou uma pessoa que não cansa de estudar, em busca constante de autoconhecimento, com imenso prazer em compartilhar seus achados para o benefício de todos os seres. Além de blogar, trabalho com terapias quânticas usando diversas técnicas e dou cursos e workshops.

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