Há muito tempo atrás, num país nem tão distante… um menino travesso sonhava ter uma família grande: no seu sonho, ele teria seis filhos. Bem, mais precisamente, seriam seis FILHAS. Ele cresceu, estudou, casou cedo – até porque para um projeto desse, é bom ter juventude e bastante energia. Só que o casamento naufragou, o tempo passou… e as pessoas que ele encontrava eram ótimos passatempos, apenas perfeitas para aventuras nas profundezas do Caribe e nas baladas da cidade incansável.
Um dia, sem que ele sequer suspeitasse, um presente de prata italiana transformou uma amiga esquecida num cupido determinado. Ela fora nomeada chefe do departamento de união de pontas perdidas e desiludidas, cansadas de não achar, cansadas de não amar. Sem levantar quaisquer suspeitas e com rara delicadeza, ela criou uma armadilha, ops, quer dizer, uma estratégia de atração infalível.
Intermináveis trinta dias depois de iniciado o trabalho de ajuntamento, é chegado o dia D: de tailleur e salto alto descendo uma escada curva ao encontro do primeiro olhar. Olhar de impacto digno de um asteroide. O resto eu já contei aqui em https://reikiquantico.com/2017/04/03/voce-sabe-o-que-voce-quer-entao-peca/ .
Porém, fala sério: começar uma família de seis filhas/filhos com mais de 30 anos, me parecia um tanto puxado! Depois de alguma negociação, onde eu detinha o poder de veto, claro, chegamos a um desconto de 50%.
Feliz dia dos pais e das filhas e filhos que tem um pai presente.
Ter o pai presente não é ter o pai morando em casa. É ter o pai interessado e cuidadoso com você, não importa a idade que tenha. Interessado não apenas nas questões de saúde e emergências – quase obrigatórias – mas também nas brincadeiras, viagens, talentos, amizades, aprendizados, jogos.
Ter pai é ter um suporte para ficar e um empurrão para sumir no mundo. É ter bagunça na casa e brigas de mentira. É ter hambúrguer ultra temperado de ketchup e mostarda. Ter pai é ter professor particular 24 horas por dia. É ter motorista e carregador. É ter cinema em casa com pipoca afogada em sal e manteiga. Ter pai é ter alguém para curar o machucado com um sopro e voar de vassoura. Ter pai é levar bronca para parar de chorar pelo namorado covarde.
Ter pai pode ser uma experiência muito diferente para cada pessoa. Se a gente realmente escolhe os nossos pais – dizem que sim – então eles são sempre perfeitos. Mesmo os ausentes, incompetentes na profissão de pai, incompreensíveis ou frios. A gente junta dois seres para criar um corpo para navegar nessa vida e eles aceitam a tarefa sem treinamento ou manual de instruções. Quem disse que seria fácil para eles? Gratidão imensa e muito amor.
Sendo assim, minha escolha foi excelente: tenho o melhor pai do mundo para mim e minha crias tem o melhor pai do mundo para elas!

Hoje, fomos abençoados com uma deliciosa reunião em família como não fazíamos há muito muito tempo. Quase todos estavam aqui, menos meu irmão que mora em Madrid e alguns outros muito ocupados com seus projetos de vida. Por essa reunião, por termos mesa farta e conforto, por vivermos em harmonia e sermos todos amigos, gratidão ao pai e mãe terrenos e ao grande pai divino.