Brasil sem carnaval?

Isso é possível? No meu mundo, sempre achei que seria mais fácil ensinar cada brasileiro a falar russo que tirar o carnaval do povo. A estratégia manjada “pão e circo” vem funcionando há milênios, para que mexer em time que está ganhando? Os governantes a usam para aliviar as tensões da população, para fazê-los (fazer-nos) esquecer um pouco a opressão e os impostos, a falta de perspectiva, de futuro, de sentido.

E agora? Agora ficamos sem essa válvula de escape – para mim, não faz falta pois nunca me atraíram essas comemorações. Faz tempo que desisti de ser como ‘todo mundo’. Uma única noite, na adolescência, fui a um clube no interior e “pulei carnaval” com meus primos. Quando criança, meus pais me levaram ao clube e achei aquilo tudo muito chato: ficar dando voltas em círculo ao som de uma música ensurdecedora, atirando papel picado nos outros, perda de tempo! Matinê, sentada na arquibancada ao lado do meu querido irmão, olhávamos as crianças fantasiadas se divertindo, morrendo de vontade de sair dali para brincar de verdade.  

Da onde veio essa forma de celebrar o feriado?

A origem da festa de carnaval remonta à Mesopotâmia, para comemorar o fim do inverno, as colheitas, a abundância. As festas podiam durar dias ou meses, havia relaxamento de valores, de ‘pode tudo’ ou, como diziam na TV, as pessoas se comportavam ‘como se não houvesse amanhã’. Tempo de alçar o demônio ao pódio e deixar deus em algum lugar de onde não alcance a consciência.

A palavra ‘carnaval’, de origem latina, foi cunhada na Idade Média, carnis levale (festa da carne). Logo a igreja católica tentou conter os excessos dos prazeres da carne, bebida, comida e sexo, criando a quaresma, tempo de purificação do corpo e da alma para receber Jesus no coração. Quarenta dias de expurgo para alguns dias de festança. Não sei se a conta fecha, mas sei que, em alguns casos, um único ato de abuso pode custar caro ao corpo e à alma.

Uma bebedeira das boas com direito a vexame público pode acabar com um relacionamento de anos e não tem como se desculpar alegando estar “alterado, bêbado ou inconsciente” porque o inconsciente revela o que está lá no fundo e também faz parte de nós.

A opção de passar o ano todo em contenção, restrição, encolhimento e ter apenas alguns momentos de alegria te parece boa? Em menor proporção, fazemos isso ao passar a semana no esforço rezando para chegar o final de semana. Ou, por outro lado, seria levar uma vida sem graça, num trabalho insípido, esperando a aposentadoria para curtir o que gosta – se tiver saúde.

Com a pandemia e a prisão domiciliar, percebi que não há diferença alguma entre domingo e segunda, entre quinta e sábado… Isso é uma invenção à qual nos acostumamos e nos submetemos sem questionar por milênios.

Você precisa da ajuda de bebidas ou drogas para ficar alegre? Sem esses aditivos no seu sangue você não se permite ser alegre? Onde está escondendo a alegria que faz parte da sua alma e da sua divindade e não depende de nada externo?

O caminho do equilíbrio não é rígido, estático, não demanda estar zen o tempo todo, nem ser uma pedra sem emoções. Porém, viver de extremo a extremo implica em arcar com as consequências. Estudos indicam que emagrecer, engordar e, depois, emagrecer de novo e ficar nessa gangorra de peso faz mais mal à saúde que permanecer acima do peso. Custa caro ao corpo essa mudança frequente de padrões e hábitos.

A fim de viver mais próximo do centro das oscilações, mais perto do ponto neutro onde podemos estar presentes, conscientes e alegres sem depender de pessoas ou acontecimentos, é preciso acessar o nosso saber. Sim sabemos! Sabemos tudo o que se requer a cada momento. Temos todas as informações se buscarmos por elas aqui dentro. Isso requer vontade de transpor a cordilheira de preguiça que nos mantém anestesiados no caminho conhecido já trilhado por muitos. Dá algum trabalho buscar, não é para todos.

Pular carnaval, pra mim não faz falta nenhuma. Eu sinto falta sim de estar com as pessoas queridas. Nunca amei grandes aglomerações como estádios, shows ou shoppings, porém aglomerar com amigos e familiares, viajar, praia ou campo, natureza, jogos, risadas, confidências… isso sim faz muita falta.

Nesse tempo de carnaval sem festa, do que você sente falta?

Informações históricas: História do Carnaval: origem, na Europa, no Brasil – Brasil Escola (uol.com.br)

Publicado por Denise Fracaro

Sou uma pessoa que não cansa de estudar, em busca constante de autoconhecimento, com imenso prazer em compartilhar seus achados para o benefício de todos os seres. Além de blogar, trabalho com terapias quânticas usando diversas técnicas e dou cursos e workshops.

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