Perdão, eta palavrinha usada, mal usada, gasta e muitas vezes vazia. Duas sílabas de profundidade inimaginável. Pura força de transformação.
A gente diz que perdoa mas fica cozinhando a mágoa em banho-maria. Em fogo baixo, nunca ferve mas engrossa enquanto a água da vida evapora e deixa o coração gosmento.
A gente diz que perdoa mas dói lá dentro todas as vezes que se lembra. Reviver os fatos e as emoções associadas tanto pode ser uma tortura como uma catarse libertadora. Quem define isso?
“Eu sou livre. Eu sou livre. Eu sou livre.”
Pensa: quem melhor que eu para saber onde e como dói e me ajudar a sofrer de forma intensa e dolorida? Vítima de mim mesmo na melhor versão algoz. Até quando vou sofrer, aceitar o sofrimento e viver nele como se fosse o caldo da minha sopa, o único tempero que sei preparar?
“Tudo na minha vida acontece para o meu bem. Eu sou amado. Eu o Amor.”
Louise Hay
Tudo isso por medo de mudar, resistência ou por não saber como nem onde começa a ser/fazer diferente…. Por tempos, a gente vive como o sapo jogado na panela de água, cozido lentamente até morrer sem nem desconfiar da causa mortis. Acomodação. A gente se acostuma com tudo, até com as coisas ruins.
Eu posso ser o meu maior vilão. Como dizem os orientais, o nosso maior inimigo mora dentro de casa. O único inimigo que vale a pena vencer é o ego. A única coisa que vale a pena dominar é a própria mente. Dominando a mente, podemos tudo. Haja mantras repetidos à exaustão!
”Om om om” https://www.youtube.com/watch?v=SBiwLibZqfw
Se perdoar os outros já é difícil, perdoar a si mesmo é uma tarefa para bravos guerreiros do coração. Culpa. Mais duas sílabas. Palavrinha pequena de grandes consequências. Aprisionamento. Perda de oportunidades. Travas nas pernas, nas mãos. Fechamento. Peso. Poluição mental. Estresse emocional. Esse é um PF tipo completo – o garçom traz tudo junto, nem precisa pedir os acompanhamentos.
Culpa e perdão disputam passo a passo quem vai vencer a corrida. Não é uma questão de esperteza, inteligência, força – nem de talento.
“Eu te amo, eu te perdoo, eu sinto muito, obrigado.”
https://www.youtube.com/watch?v=A00E7CrPpns
É uma questão de coração, de relaxar e deixar a correnteza te levar. Como relaxar? Para relaxar, é preciso confiar. Para confiar, é preciso ter alguma noção da dimensão maior que envolve todos nós.
Se acreditar que estou sozinho, que só eu posso prover minhas necessidades, eu tenho de dar conta de tudo… Eu fico desconectado dos meus próprios guias. Confiar em quem?
“So hum, so hum, so hum.” https://www.youtube.com/watch?v=S0j4yTY_eGI
Essa semana li que, segundo “Um Curso em Milagres”, preocupação é sinal do medo e uma forma de negar a Deus. Se estamos preocupados é porque não acreditamos que as coisas acontecem de acordo com um plano maior que não percebemos e não precisamos controlar. Preocupar-se com os outros pode parecer educado, mas representa uma manipulação do ego. Demonstrar interesse pelas pessoas é amor. Preocupar-se com as pessoas é medo. De novo, a falta de confiança.
“Entrego, confio, aceito e agradeço.” Sathya Sai Baba
Se tenho alguma sensação de medo (mesmo disfarçado) me assombrando feito alma penada, ruminando na minha mente e me enlouquecendo…. Pára tudo e chama essa coisa para uma conversa de gente grande. Tipo assim: olha de frente para essa coisa com interesse, com vontade de entender, minuciosamente. E vai investigando, buscando as raízes – de onde veio, por que veio, qual o ruído que despertou essa coisa de seu sono profundo…
“Om Mani Padme Hung” https://www.youtube.com/watch?v=l4oy17lwVnM
Normalmente, eu faço isso de olhos fechados*. Meditação, encontro marcado comigo mesma. Normalmente, o resultado é um processo de desmistificação desse medo e a oportunidade de aceitar o que vem, acolher o ensinamento doído porém necessário – integração. Ok, essa coisa fez parte de mim, faz parte de mim, mas não precisa mais comandar a minha vida. Mensagem aprendida! Próximo passo: passar do menu principal para a pasta de arquivo morto. Morto-não-morrido, transformado pelo meu fogo sagrado.
O processo de auto-conhecimento é uma estrada sem começo e sem fim. Infinita como a Vida. Infinita como as inúmeras experiências que queremos viver. Escolhas…
É como Jesus disse: “O plantio é livre, mas a colheita é obrigatória.”