Quando a gente escolhe um cheiro, escolhe de forma inconsciente mesmo achando que está seguindo a lógica mental. O corpo escolhe. O corpo sabe o que agrada, o que traz calor e afeto, o que traz repulsa e medo.
Difícil é a gente ter memórias não associadas ao olfato. Esse é um dos nossos sentidos mais fundamentais para a sobrevivência: cheiro de fumaça, cheiro de comida, cheiro de podre… Saber navegar a vida usando esses sinais facilita muito.
Hoje quero falar da bergamota.
Dentre os cítricos, o que mais me agrada. Nem tão doce como a laranja lima, nem tão marcante como a tangerina, nem tão intenso como o limão. Um aroma apenas cítrico, aberto, suave, gentil.
Para mim, dona Bergamota se apresenta como uma linda senhora de uns 30 e poucos anos, de vestido longo leve e branco, de saias amplas, descalça, cabelo meio preso meio solto, caminhando livre, num campo verde, vegetação sem pompa, caminhando livre, sem outra preocupação além de explorar o ambiente e curtir as plantas e o vento.
Essa moça me traz a sensação de segurança, de plenitude, ela simplesmente está em paz, está presente. Como a química dos óleos essenciais é de muita complexidade, ela é capaz de muito mais que isso.