Meu mais recente texto na revista Perennials Forever, onde a querida Angela Cassiano reúne grandes dicas e reflexões dessa turma pereniável, amantes das coisas boas da vida, com profundidade e estilo. Nada de ficar no raso por aqui, vem com a gente. Leia comigo ou leia em Mais consciência, por favor – PERENNIALS FOREVER.
Dizem que nós mulheres somos manipuladoras. Normalmente, esse comentário vem em tom de acusação. Sinto informar que manipular não é privilégio só das mulheres, somos todos manipuladores – homens, mulheres, crianças – alguns mais hábeis, dissimulados, eficientes, outros mais forçados, brucutus e insensíveis.
Quem assistiu o filme “Casamento Grego” se lembra da cena na lanchonete onde as mulheres arquitetam um plano para o marido aceitar uma ideia que ele jamais aceitaria de bom grado vindo delas. Porém, da forma como elas conduziram a conversa, ele foi levado a crer que a ideia era dele, portanto, se era dele só podia ser uma ótima ideia. Ficou o gajo feliz com sua ’criatividade’ e as meninas felizes com o resultado. Demonstraram grande habilidade de comunicação e empatia na base do sorriso, regado a um bom vinho, sem brigas e sem imposições. Uma aula magna de pós-graduação em manipulação.
Esses resultados seriam exclusividade de mulheres gregas ou latinas? Como fazemos isso o tempo todo, não nos damos conta. Manipular é mexer algo com as mãos – pode ser material de construção, alimentos, elementos químicos ou puramente energéticos como palavras, pensamentos e emoções.
Na atualidade, manipular adotou uma conotação negativa, forçada, como influenciar ou pressionar, forjar dados ou ilusões nas pessoas.
Cada vez que distribuímos uma ideia aparentemente inocente como, por exemplo, “Você é tão gentil, sempre me ajuda! Você é um doce, sabia que poderia contar com você! Você é incrível!!”
O que realmente está acontecendo aqui? Um elogio simples pode nascer da bondade e delicadeza de quem enxerga a beleza nos outros OU um pode vir de um lugar de controle, onde queremos que essa pessoa vista essa ‘camisa de força bordada e justa’ para que eu possa contar com sua ajuda sempre que eu precisar. Assim nós manipulamos as pessoas. Hummm mas parecia algo tão positivo! A polaridade não condiciona a criação. Criamos pelo lado negro da força também, que todos nós temos. Todos somos magos, estamos em constante criação o tempo todo.
Também posso elogiar ‘sua dedicação no trabalho, dizer que você é demais e resolve os pepinos que poucos conseguem em tempo recorde.’ Estou inflando seu ego – usando a velha amiga vaidade – para te fisgar e sempre deixar os projetos complicados na sua mão, de última hora mesmo, pois você sempre resolve. Dai você se define como essa pessoa prestativa, eficiente e vai dar o sangue para provar para você mesmo e para os outros que você é “o cara” para o serviço. Definição é um negócio muito limitante.
Tem alguma liberdade aqui? Só perguntando…
Como saber se um julgamento ou opinião é emitido com intenção de te manipular ou de emanar bondade?
Na comunicação temos pelo menos duas pessoas: o emissor e o receptor. Estando você em qualquer dessas posições, o seu corpo vai te dar o sinal vermelho=pesado=mentira ou verde=leve=verdade. Assim que você recebe uma onda de informação – seja em forma de palavras ou olhares, seja positivo ou negativo – perceba no seu corpo se é leve ou pesado.
É só observar, não é difícil a não ser que você defina que é difícil. É um treino de auto-observação. Como o seu corpo recebe a informação é a chave. Como o seu corpo quer te mostrar a sensação de leveza ou de peso, é com ele – ele escolhe como te mostrar, em qual parte e com qual intensidade.

O pesado pode ser nas costas, nas pernas, pode ser um aperto no estômago, uma pressão nas têmporas, uma pontada na garganta. Cada corpo fala de seu jeito particular. O leve pode ser uma sensação de abertura, de peito aberto, de alegria, pode ser vontade de dançar, de mover-se. Algumas pessoas visualizam cores. Você pode escolher como conduzir essa conversa íntima da forma mais fácil.
Na realidade, é tão fácil que antes mesmo de terminar a frase, você já vai saber. Ao começar o caminho da auto-observação direta e simples, assim como ela é, você vai perceber muita coisa que já sabia, sempre soube, mas a lógica da atualidade não combinava com o seu saber e então você enterrava o seu saber em algum canto e tomava outro caminho.
Que escolhas você tem feito para anular o seu saber?
Deixo um vídeo para você investigar um pouquinho mais esse tema, principalmente nas famílias, um campo de muitas intensidades, onde nem sempre as regras do jogo são claras. Conte comigo se desejar explorar mais a ferramenta ou qualquer outro tema que te incomode.