Meu gato pensa que sabe digitar só porque tudo se mexe na tela enquanto ele desfila delicadamente pelo teclado. Atrevido, ele tenta conversar com o cursor que passeia à sua frente. Suas cores, branco e amarelo, uma combinação comum e poderosa: purificação e conexão, conexão e purificação. Qualquer que seja a ordem funciona do mesmo jeito. E é tudo o que eu preciso no momento.
Mas qual é o pulo do gato? Como fazer? Seria tão bom se um banho de chuveiro ou cachoeira fosse suficiente, ou um chá de manjericão bem quentinho. Tem dias em que observo nos outros tanta crítica e intolerância – isso me irrita. Vejo letargia, falta de iniciativa – isso me irrita também, me cansa. Mas preciso provar do meu próprio veneno para me curar. Lógico que, se essas coisas me irritam é porque eu também estou procrastinando, enrolando, empurrando com a barriga. O que será? Auto-investigação agora!
Empurrar é adiar. É fingir que não está vendo o que está na frente do nariz e dentro do peito. É brincar de faz de conta que está tudo bem e ir levando. Não decidir é também uma decisão. Se você não leva a vida, a vida te leva – para onde, não sei… A vida é movimento, ela sempre vai te impulsionar. Ficar parado é equivalente a andar para trás.
E assim, a vida passa. Como na canção Time, do grupo Pink Floyd. Reflexões de um rock que buscava as profundezas do ser. Numa época não tão distante, num reino não muito longe daqui, ficar “killing time” já era sinal de perigo. Quando a gente pensa que está matando o tempo, na verdade, estamos matando a vida e os nossos sonhos em doses homeopáticas, assim de leve, sem perceber. O tempo não anda para trás, não espera. Ele é o grande cobrador – não é deus, nem seu pai, nem o chefe!
Quando retornarmos ao ponto onde não há tempo, o que levaremos na bagagem? O que fizemos do nosso tempo: amor ou apego, ilusão ou vingança, conexão, pureza, compaixão ou um estoque de raiva… resultados das experiências vividas. Nada material, nadinha! O bem mais precioso não é o dinheiro, nem nada que ele possa comprar, é o tempo. E ele está acelerado ultimamente, reparou? Já pensou o que vai fazer com o tempo que resta da sua vida?
Time – Pink Floyd
Ticking away the moments that make up a dull day
You fritter and waste the hours in an offhand way
Kicking around on a piece of ground in your home town
Waiting for someone or something to show you the way
Tired of lying in the sunshine
Staying home to watch the rain
You are young and life is long
And there is time to kill today
And then one day, you find
Ten years have got behind you
No one told you when to run
You missed the starting gun
And you run and you run to catch up with the sun, but it’s sinking
And racing around to come up behind you again
The sun is the same in a relative way, but you’re older
Shorter of breath and one day closer to death
Every year is getting shorter
Never seem to find the time
Plans that either come to naught
Or half a page of scribbled lines
Hanging on in quiet desperation is the english way
The time has gone, the song is over
Thought I’d something more to say
Home, home again
I like to be here when I can
When I come home cold and tired
It’s good to warm my bones beside the fire
Far away, across the field
The tolling of the iron bell
Calls the faithful to their knees
To hear the softly spoken magic spells
Tempo …. como perdemos tempo….. será que temos a dimensão da importância dele no nosso caminho ?
Bjbj
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Ótima pergunta! suspeito que se tivéssemos uma noção da importância dele, não nos perderíamos em tantas atividades frustrantes, desgastantes e distantes do objetivo primordial da vida, da transcendência. O “despertar” muda muito o que fazemos do nosso tempo, a quem nos dedicamos, as prioridades….
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O primeiro parágrafo me pegou! 😀 Belo texto!
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Gratidão.
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Gratidão!
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