Como nos tornarmos escravos da tecnologia sem perceber. Mas já somos escravos de tantas coisas…
Era uma vez, num dia de sol numa cidade grande nem tão distante daqui, uma pessoa acorda sentindo-se inspirada e resolve escrever. Sem novidades, essa é uma das coisas que ela mais gosta de fazer. Depois de alimentar o corpo, senta e descobre o computador quebrado, parado, ausente como um corpo sem alma. Ele morreu? Está em coma? Nada disso, apenas bugou, como dizem as crianças.
Para moradores de cidade grande, imprevistos, tropeços e trânsito fazem parte da rotina, apenas mais um teste de paciência. Treinamento intensivo em tolerância e aceitação. O jeito é deixar o caderno eletrônico para depois. Depois… quando? Toda espera na ansiedade é excessivamente longa. Como o tempo é relativo!
Os dias passam. Nenhuma letra marca a tela. Uma tela negra encostada na parede do ateliê de ideias esperando, sem vida. As palavras de tinta nas prateleiras da mente vão e vêm, insistem em querer saltar para a tela inoperante. As imagens coletadas em anos de surf nas ondas geladas da net correm o risco de naufragar nesse mar sem fundo.
A vida precisa de um narrador, um observador paciente e gentil. Se não houvesse nenhum ser assistindo ao filme da vida, ela ainda existiria?