Mãe, essa pequena palavra tem, para mim, muitos sinônimos. Nenhum que a substitua ou que passe perto de contemplar todo o universo que se abre quando você deixa de ser apenas você nesse mundo e passa a ser nós. O “nós” de um casal tem a escolha de ser temporário. Mãe e filho – não! Você até pode sumir da vida da sua mãe – ela nunca deixará de ser sua mãe nem você o seu filho.
O fato de parir promove qualquer menina automaticamente ao cargo de mãe, seja no susto da vida louca ou depois de anos de planejamento.
Mãe pode ser comida, colo, carinho, nutrição, culpa – nasce a mãe, a culpa vem colada junto como uma casca de ferida que não sara nem cai. A gente nunca consegue ser ou oferecer tudo o que pensa que a cria merece ou precisa. Talvez tenha alguma mãe por ai que acha que fez tudo o que podia e descansa feliz com seu desempenho. Mesmo que a gente faça o melhor que pode a cada instante… Tem coisa que a gente não dá conta nem na gente mesmo e fica complicado quando a cria atira para o alto as nossas fragilidades e medos…
Mãe é suspiro, espera, preocupação, noites mal dormidas, cura, abraço, segurança em meio ao caos.
Mãe é acesso à fonte ilimitada de energia, coragem, saudade, nutrição, verdade, saber instintivo e intuitivo, criatividade, conexão.
Mãe é dança, é círculo. Se a mãe for uma forma deve ser redonda, sem arestas, sem começo nem fim, onde o mundo cabe dentro, até aquele amigo inconveniente e todos os pets e brinquedos.
Mãe é resignação, alegria, elástico – alcança onde não se imagina, é equilibrista de mil braços, coruja de visão 360 graus com radar interdimensional observando o presente, passado e o futuro – ao mesmo tempo.
Mãe é passar, passar adiante a vida, padrões, medos, sabedoria. Nada se retém, nem o bom nem o mal. Passa anel passa a vida, de mão em mão, de colo em colo e o rebento recebe o que pode receber, o que ressona.
Mãe é saudade, da mãe longe, da mãe que me deu colo um dia, da mãe da mãe… da mãe que eu fui – sendo a mesma, hoje sou outra – da mãe à espera… espera longos meses para nascer, espera crescer, espera se curar, espera arrumar o quarto, espera na porta da escola, espera ligar, espera escrever, espera… sem nunca perder a esperança. Mesmo que o filho apressado e desobediente tenha ido para casa do Pai, a mãe espera.