parte 4
Tenho vivido 52 anos com minha tireoide muito bem, obrigada. Ela funcionava perfeitamente há seis anos atrás quando descobri os nódulos e funciona muito bem ainda hoje: meus hormônios estão nota 10. Zero sintomas. Zero problemas. Não me arrependo nem um pouco de ter seguido minha intuição, de ter batido forte o pé no chão contra a opinião de médicos e de várias pessoas próximas.
Eu simplesmente sabia que o procedimento não era necessário e estava tranquila. Contudo, a minha segurança interior não era suficiente para acalmar as pessoas. Para que eu pudesse oferecer a paz aos familiares, eu precisaria mostrar provas concretas nos exames clínicos. Fiz os tratamentos espirituais e holísticos aos quais tive acesso. Minha querida amiga Malu Lima me indicou o Centro Socorrista de São Paulo e o terapeuta Juan Lopes. Duas dicas fabulosas que segui prontamente.
Malu segue firme me ajudando de muitas formas. Há poucas semanas me emprestou o livro “Anticâncer – Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais” do médico francês David Servan-Schreiber. David teve um tumor no cérebro, operou e seguiu com sua vida normalmente. Anos depois, o câncer voltou. Ele tinha sido alertado por uma amiga (terapeuta holística) que deveria cuidar do “terreno” ao que reagia com um certo desprezo. O que ela poderia saber que um médico renomado como ele não saberia?
O livro dele é um manual de saúde. Com base na tríade alimentação-meditação-exercícios, salienta que podemos manter o corpo distante da proliferação de células tumorais e das metástases. Compara as dietas ocidentais e orientais, essas ricas em legumes, verduras e frutas, com poucos alimentos processados e carnes, geram um efeito protetor no organismo. Ele também alerta para o fato de que os laboratórios não se interessam por pesquisas que comprovam a eficácia do chá verde ou brócolis, por exemplo, na redução de tumores porque esses itens não podem ser patenteados. Quem vai financiar essas pesquisas? Adicionalmente, os médicos preferem usar um elemento de cada vez para isolar os resultados quando a combinação de diferentes abordagens mostra ser mais eficaz.
Na cura quântica, usamos símbolos que ativam a cura do câncer, porém estudamos também que é importantíssimo mudar a alimentação: comidas e bebidas que incentivam processos inflamatórios no corpo devem ser suprimidas ou ingeridas apenas raramente.
Adotar dietas esquisitas é lugar comum na minha vida. Sei que isso incomoda um pouco (ou muito) quem mora e convive comigo, mas escolho respeitar meu corpo, ser gentil com ele e oferecer o que ele pede. Não tenho dificuldade em eliminar itens ou acrescentar outros sempre que compreendo a necessidade e os benefícios que me proporcionam. Já me chamaram de xiita por causa disso, tudo bem. Quando alguém se trata com medicina chinesa, alimentação é fundamental. Sempre tive muita afinidade com as terapias orientais e naturais. Faz parte do meu DNA. Faz sentido para mim. Alimento, para mim, é o melhor remédio.
Tem gente que prefere arrancar logo da carne os problemas – mais fácil e rápido. Resolve logo e pronto! Assim para de me dar preocupação! Eu prefiro investigar o que estou fazendo (ou deixando de fazer) que influencia o processo, o que estou deixando de ser, sentir, perceber e como posso mudar para me sentir melhor e me curar integralmente.
Mudar dá trabalho, requer esforço, persistência, paciência, compaixão consigo mesmo. Tem coisas que a gente acerta de primeira, outras são inócuas. Requer manter-se em movimento na imobilidade, manter-se ancorado no movimento. Nem sempre a gente tem esse pacote de qualidades à mão. Tem dias em que o desânimo aperta a campainha várias vezes. Tem dias que dá vontade de esquecer tudo, de não fazer mais nada e simplesmente parar.
Independente das causas que levaram meu corpo a desenvolver esse processo, o fato é que algumas das minhas células se recusam a morrer. Indignadas com a condição efêmera da vida nessa realidade, elas decidiram que viverão para sempre, sugando egoisticamente a energia à sua volta. (Dizendo isso, me vem à mente Sarah Bightman com “Who wants to live forever” https://www.youtube.com/watch?v=DNllkqp989c). Contudo, devo admitir uma coisa: essas células são, no mínimo, criativas e espertas. Furam a fila no sistema de fornecimento com eficiência e rapidez, driblam o sistema imunológico feito um Garrincha e passam a perna nas zagueiras.
Nos meus parcos estudos do budismo, um dos treinos de meditação mais impactantes foi a meditação da morte, no seminário de Mingyur Rinpoche. Nessa prática, entregamos os nossos bens, nossos entes queridos e nossos dons. Deixamos tudo. Para ser tudo. Haja confiança!
No processo da morte, o desapego é a chave – não somente das coisas materiais e das pessoas que amamos (ou odiamos). Apego a sentimentos, estados de ânimo, formas de pensar, couraças do ego, talentos e habilidades. Nosso inferno particular é construído a cada dia com as formas e estruturas mentais que criamos que nos engessam em vida e nos amarram nessa existência. Em “O Livro Tibetano dos Mortos” se aprende como morrer bem para renascer bem, ou não renascer – isso também pode ser uma escolha.